quinta-feira, 4 de junho de 2009

Realizada no Jardim Botânico reunião sobre os trinta primeiros Pontos de Cultura Indígena

Pontos de Cultura Indígenas: parceria entre Associação de Cultura e Meio Ambiente, Fundação Nacional do Índio e Ministério da Cultura



De 5 a 8 de maio de 2009, aconteceu no Espaço Tom Jobim, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, a reunião de imersão da equipe da Rede Povos da Floresta (RPF) no projeto de implantação dos trinta primeiros Pontos de Cultura Indígenas, uma parceria da Associação de Cultura e Meio Ambiente (ACMA) com a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e o Ministério da Cultura (MinC).


A implantação dos Pontos de Cultura congrega as atividades de mobilizações locais, articulação e organização das Rodas de Conversa. Cada comunidade selecionada receberá um kit multimídia com três computadores com DVD embutido, uma câmera filmadora, uma câmera fotográfica digital, duas caixas de som e um microfone.

Os Pontos serão implantados com a devida adequação dos espaços físicos e a instalação dos equipamentos. As comunidades receberão a devida formação e qualificação relacionada à operação dos recursos tecnológicos, desenvolvimento de produtos e serviços culturais, aprimoramento da infra-estrutura digital da Rede, ações de gestão, avaliação e comunicação de processos e resultados.

A reunião de imersão contou com a presença de toda a equipe da Rede Povos da Floresta e também Ailton Krenak, fundador da RPF e coordenador estratégico do projeto; João Augusto Fortes, representante da Associação de Cultura e Meio Ambiente (ACMA) e liderança da RPF; Moisés Ashaninka, da Associação Ashaninka Apiwtxa; Benki Ashaninka, do Centro Yorenka Ãtame, entre outros.


Outros parceiros da RPF que atuarão no projeto também estiveram presentes. De São Gabriel da Cachoeira vieram Erivaldo Almeida Cruz, diretor da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN) e Andreza Andrade, jornalista do Instituto Sócio Ambiental (ISA).

Vera Olinda Sena, coordenadora do setor de educação da Comissão Pró Índio do Acre e Gleyson de Araújo Teixeira, assessor da Associação Ashaninka Apiwtxa, vieram respectivamente de Rio Branco e de Cruzeiro do Sul, no Acre.

André Abreu, representante da Fundação France Liberté, parceira da Rede Povos da Floresta, Paulo Jobim, presidente da ACMA, e Rodrigo Baggio, do Comitê de Democratização da Informática (CDI), parceiro da Rede desde sua fundação, também marcaram presença.

Cada ponto implantado deve expressar a complexidade local

Para a apresentação do encontro, o sempre inspirado Ailton Krenak ressaltou que o fato dos participantes serem de diferentes partes do Brasil, traz ainda mais originalidade a essa iniciativa e indica que todos os envolvidos estão participando de uma ação inovadora.

Ele ainda expôs o que entende por atuar em rede - ser capaz de estabelecer uma dinâmica, interagir sem uma ordem de comando, mas respondendo aos estímulos e sinais que cada um consegue ler e responder. Para Ailton, isso cria um texto, uma narrativa, que vem a ser a própria vida. Poeticamente, associou a rede com cama de gato, rede de pesca, de balanço, de balaio.

Segundo Ailton, a floresta é a possibilidade de nossa civilização. Por isso é preciso proteger a floresta e dar governança para o povo que vive nela, independente das denominações que o governo lhe dá - indígenas, ribeirinhos, quilombolas ou populações tradicionais. Para ele, tais denominações têm o efeito paradoxal de "esconder" essas populações humanas.

Entre todos os assuntos tratados durante a reunião, ganhou destaque a Roda de Conversa, que será a primeira ação da RPF junto às comunidades. A Roda vai reunir as comunidades que serão beneficiadas em diferentes locais para uma conversa com os responsáveis pela implantação, nela o projeto será apresentado em detalhes e as comunidades terão a oportunidade de expressar seus pensamentos e anseios em relação a ele. Ailton afirmou que as rodas não são cartesianas e não têm fim, ao contrário, são circulares, platônicas, infinitas.

Ficou claro para todos os presentes que em cada Roda de Conversa que se realizará, será definido o que é o ponto de cultura para aquela determinada comunidade e que cada ponto tem sua própria identidade, sem precisar reproduzir ou seguir uma norma. Cada um desses pontos deve expressar a complexidade local e para isso, cada comunidade dirá o que quer e o que não quer socializar. O projeto não pretende implantar réplicas, como numa linha de montagem.

Além da explanação sobre o projeto, a imersão também possibilitou que cada grupo de trabalho se reunisse para acertar as diretrizes e particularidades do que irá realizar.

A reunião foi orientada pelos profissionais da Giral, empresa social que oferece serviços baseados em técnicas de gestão, e nela houve o aprofundamento do que diz respeito à implantação em si, em como solucionar as questões de transporte, armazenamento e de toda a logística que envolve o trabalho.

A jornada de trabalho para a implantação dos 30 Pontos terá duração de dois anos.

Entusiasmo e comprometimento foram elementos sempre presentes durante os dias de imersão. Serão essas as qualidades que acompanharão a turma na aventura que tem sua primeira viagem para a floresta marcada para o início do mês de junho.



Matéria de:2009/mai/9 - Enviada por:Gal Rocha - Palavras-chave:Reunião - Pontos de Cultura Indígena
Fotos de Alice Fortes

FONTE: http://www.redepovosdafloresta.org.br/exibePagina.aspx?pag=138

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